Pero da Ponte


 Sueir'Eanes, nunca eu terrei
que vós trobar nom entendedes bem,
pois entendestes, quando vos trobei,
que de trobar nom sabíades rem;
  5pero d'al nom sodes tam trobador,
 mais o trobar ond'estades melhor:
entendedes quando vos troba alguém.
  
Entendestes um dia ant'el-rei
como vos meterom em um cantar
10polo peior trobador que eu sei
- esto s'a vós nunca pode negar;
 e por aquesto maravilho-m'eu
deste poder. Que demo vo-lo deu,
por vós assi entenderdes trobar?
  
 15Ca vos vi eu aqui mui gram sazom
e nom vos vi por trobador meter;
e ora nom vos trobam em razom
em que xi vos possa rem asconder,
se de mal trobador enmentam i,
20que vós logo nom digades: - A mim
foi feit'aquel cantar de mal dizer.



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Nota geral:

Esta cantiga retoma as duas composições que Pero da Ponte dirige a Sueiro Eanes, nomeadamente a última. O equívoco centra-se agora na expressão "entender o trobar": Sueiro Eanes não entende nada da arte de trovar, mas entende bem as trovas que lhe são dirigidas.
Esta cantiga é também uma prova de como o trovar "escondudo" ou equívoco, tantas vezes adoptado pelos trovadores e jograis nas suas sátiras, exigiria por vezes, de facto, uma certa perspicácia da parte do ouvinte.
Afonso Anes do Cotom dirige igualmente uma cantiga a esta personagem.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Escárnio e maldizer
Mestria
Cobras singulares
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Fontes manuscritas

B 1650, V 1184

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 1650

Cancioneiro da Vaticana - V 1184


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas