Nota geral: Sátira dirigida a um cavaleiro, provavelmente já de idade madura, renitente aos laços do matrimónio, o que justificava alegando ser ainda muito jovem. A cantiga, que devia ser clara para os contemporâneos, não nos oferece muitos dados sobre o contexto que explicaria esta renitência. Mas, se este Alvelo é, como sugeriu Carolina Michaelis1, Martim Martins Alvelo, a cantiga aludiria ironicamente às suas próprias origens bastardas, ou seja, a uma tendência familiar para viver em mancebia: com efeito, já o seu avô, Sueiro Pires da Maia, não se tinha casado, tendo tido, no entanto, numerosos filhos de barregãs (entre os quais o seu pai, Martim Soares de Baguim, o Narizes), dando assim origem não só aos de Baguim, mas também a duas outras linhagens da pequena nobreza, os Canelas e os Gaia. Acrescente-se que a este mesmo Martim Alvelo é dirigida uma outra composição satírica, da autoria de João Soares Coelho, onde a questão da idade é igualmente central.
Referências 1 Vasconcelos, Carolina Michaëlis de (2004), "O processo da ama", in Glosas Marginais ao Cancioneiro Medieval Português (trad. do texto de 1905) , Coimbra, Acta Universitatis Conimbrigensis, pp. 87-88.
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