Estêvão da Guarda


Donzela, quem quer que poser femença
em qual vós sodes e de que logar,
e no parecer que vos Deus quis dar,
entender pode, quant'é mia creença,
5que, pois vos querem juntar casamento,
 nom pod'haver i nẽum partimento
senom se for per vossa negrigença.
  
E quem bem vir o vosso contenente
e as feituras e o parecer
10que vós havedes, bem pod'entender
 em tod'aquesto, quant'é meu ciente,
que, bem ali u vós casar queredes,
nom se partirá que i nom casedes
senom per serdes vós i negrigente.
  
 15Ca sei eu outra nom de tal doairo
nem de tal logar come vós, de pram,
 com aguça que tomou de talam
de casar cedo, nom houv'i contrairo;
por en vos compre, se casar cuidades,
20de negrigente que sodes, sejades
 mui aguçosa, sem outro desvairo.



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Nota geral:

Maliciosa cantiga dirigida a uma donzela que os pais se preparavam para casar rapidamente e a quem Estêvão da Guarda aconselha a não ser negligente, como tinha sido até aí. Pelas alusões da cantiga ao aspeto físico da donzela, a sua negrigença não diria apenas respeito à atitude a tomar face a essa pressa paterno, mas também às atitudes tomadas, ou seja, ela estaria já no chamado "estado interessante".



Nota geral


Descrição

Cantiga de Escárnio e maldizer
Mestria
Cobras singulares
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Fontes manuscritas

B 1311, V 916

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 1311

Cancioneiro da Vaticana - V 916


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas