Lourenço


Já 'gora meu amigo filharia
de mi o que el tiinha por pouco:
 de falar migo; ca tant'era louco
contra mi que ainda mais queria;
5       e já filharia, se m'eu quisesse,
       de falar mig', e nunca lh'al fezesse.
  
Tam muito mi dizem que é coitado
por mi, des quando nom falou comigo,
que nom dorme [já], nem há sem consigo,
10nem sabe de si parte nem mandado;
       e já filharia, se m'eu quisesse,
       de falar mig', e nunca lh'al fezesse.
  
 Ca est el home que mais demandava
e nom ar quis que comigo falasse,
15e ora jura que já se quitasse
de gram sandic'em que m'ante falava;
       e já filharia, se m'eu quisesse,
       de falar mig', e nunca lh'al fezesse.
  
E jura bem que nunca mi dissesse
20de lh'eu fazer rem que mal m'estevesse.
  
Em tal que comigo falar podesse,
já nom há preito que mi nom fezesse.



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Nota geral:

Se antes o seu amigo lhe pedia coisas descabidas, agora, diz a donzela, já se contentaria em falar com ela e nada mais. Porque, desde que não a vê (em virtude de achar pouco falarem apenas), anda louco e já nem dorme. E jura que desistiu das loucuras anteriores, não voltando a pedir-lhe nada que a deixe ficar mal. Mais: para falar com ela, não há nada que não faça.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amigo
Refrão
Cobras singulares
Finda (2)
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 1265, V 870

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 1265

Cancioneiro da Vaticana - V 870


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas