João Baveca


Amigo, vós nom queredes catar
a nulha rem, se ao vosso nom,
e nom catades tempo nem sazom
a que venhades comigo falar;
5       e nom que[i]rades, amigo, fazer,
       per vossa culpa, mi e vós morrer.
  
Ca noutro dia chegastes aqui
a tal sazom que houv'en tal pavor
que, por seer deste mundo senhor,
10nom quisera que veessedes i;
       e nom que[i]rades, amigo, fazer,
       per vossa culpa, mi e vós morrer.
  
E quem molher de coraçom quer bem,
 a meu cuidar, punha de s'encobrir
15e cata temp'e sazom pera ir
 u ela est, e a vós nom avém;
       e nom que[i]rades, amigo, fazer,
       per vossa culpa, mi e vós morrer.
  
Vós nom catades a bem nem a mal,
 20nem do que nos pois daquest'averrá,
se nom que pass'o vosso ũa vez já,
mais em tal feito muit'há mester al;
       e nom que[i]rades, amigo, fazer,
       per vossa culpa, mi e vós morrer.
  



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Nota geral:

A donzela censura o seu amigo por só pensar nas suas próprias conveniências e não ter qualquer cuidado na escolha do momento em que a vai ver. Há momentos seguros e há outros péssimos, como foi o caso da última vez. E um amigo que quer bem à sua amiga tem de ser discreto. Doutra forma, ainda acontece aos dois uma desgraça.
Duas cantigas seguintes retomam, narrativamente, este assunto.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amigo
Refrão
Cobras singulares
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 1231, V 836
(C 1231)

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 1231

Cancioneiro da Vaticana - V 836


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas