Pero de Armea


Sej'eu fremosa com mui gram pesar
e mui coitada no meu coraçom
e choro muit'e faço gram razom,
par Deus, mia madre, de muito chorar
5       por meu amig'e meu lum'e meu bem,
       que se foi daqui, ai madr', e nom vem.
  
E bem sei [eu] de pram que por meu mal
me fez[o] Deus tam fremosa nacer,
pois m'ora faz, como moiro, morrer,
10ca moiro, madre, se Deus mi nom val,
       por meu amig'e meu lum'e meu bem,
       que se foi daqui, ai madr', e nom vem.
  
E fez-mi Deus nacer, per bõa fé,
 polo meu mal; [e] er fez-me log'i
15mais fremosa de quantas donas vi,
e moiro, madre, vedes por que é:
       por meu amig'e meu lum'e meu bem,
       que se foi daqui, ai madr', e nom vem.
  
E, pois Deus quer que eu moira por en,
20sábiam que moiro querendo-lhi bem.



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Nota geral:

Dirigindo-se à sua mãe, a moça lamenta que o seu amigo tenha partido e tarde a regressar, motivo pelo qual chora, e muito justamente. Se Deus a fez formosa, foi por seu mal, pois agora quer-lhe dar a morte. Mas se a faz morrer, termina dizendo que quer que todos saibam que morre querendo bem ao seu amigo.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amigo
Refrão
Cobras singulares
Finda
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 1204, V 809

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 1204

Cancioneiro da Vaticana - V 809


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Cantar de amigo  

Versões de Tomás Borba