Paio Soares de Taveirós


A rem do mundo que melhor queria,
nunca m'en bem quis dar Santa Maria;
mais, quant'end'eu no coraçom temia
       hei! hei! hei!
5       Senhor, senhor, agora vi
       de vós quant'eu sempre temi!
  
A rem do mundo que eu mais amava
e mais servia, nem mais desejava,
Nostro Senhor, quant'end'eu receava
10       hei! hei!hei!
       Senhor, senhor, agora vi
       de vós quant'eu sempre temi!
  
E que farei eu, cativ'e coitado?
Que eu assi fiquei, desamparado
15de vós, por que coita grand'e cuidado
       hei! hei! hei!
       Senhor, senhor, agora vi
       de vós quant'eu sempre temi!



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Nota geral:

Se Santa Maria nunca quis dar ao trovador aquilo que ele mais queria, aquilo que mais receava - da sua senhora - já aconteceu. Triste e coitado, que fará?
Não é impossível que o trovador aluda aqui ao casamento da sua amada, como refere explicitamente em duas outras composições. De resto, a originalidade da cantiga reside sobretudo com o jogo que o trovador faz, no primeiro verso do refrão, entre a pura exclamação (ei!) e o verbo haver (tudo quanto eu temia hei, tenho). Neste caso, muito em particular, seria deveras interessante conhecermos a música da cantiga, a qual, infelizmente, não chegou até nós.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amor
Refrão
Cobras singulares
(Saber mais)


Fontes manuscritas

A 32, B 147

Cancioneiro da Ajuda - A 32

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 147


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas