Lourenço


Estes com que eu venho preguntei
 quant'há que veemos, per boa fé,
dessa terra u [a] mia senhor é;
mais dizem-mi o que lhis nom creerei:
5       dizem que mais d'oito dias nom há
       e a mi é que mais d'um an'i há!
  
Mais de pram nom lhe-lo poss'eu creer
aos que dizem que tam pouc'há i
que m'eu, d'u est a mia senhor, parti;
10mais que mi querem creente fazer?
       Dizem que mais d'oito dias nom há
       e a mi é que mais d'um an'i há!
  
Mentr'eu morar u nom vir mia senhor,
se m'oito dias tant'ham a durar,
15mais me valria log'em me matar,
se m'oito dias tam gram sazom for.
       Dizem que mais d'oito dias nom há
       e a mi é que mais d'um an'i há!
  
E se mais d[e] oito dias nom som
 20que de mia senhor foi alongado,
forte preito tenho começado,
pois m'oito dias foi tam gram sazom!



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Nota geral:

Perguntando aos companheiros de viagem há quanto tempo tinham partido da terra onde estava a sua senhora, Lourenço nem quer acreditar: dizem-lhe que nem há oito dias, e a ele parece-lhe que foi há mais de um ano. Na verdade, como acrescenta na 3ª estrofe, se oito dias lhe parecem tanto tempo, mais lhe valeria matar-se, pois, como conclui na finda, o que o espera não será fácil.
Esta partida é também referida numa sua cantiga de amigo dialogada, onde a voz masculina já antecipa esta questão do tempo psicológico.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amor
Refrão
Cobras singulares
Finda
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 1115, V 706
(C 1115)

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 1115

Cancioneiro da Vaticana - V 706


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas