Pedro Amigo de Sevilha


Quand'eu vi a dona que nom cuidava
nunca veer, logo me fez ali
 mais ca mi fez u a primeiro vi:
   tam muito levar d'afã e de mal
5que morrerei, u nom jaz al
- quand'eu ante mais ca todos levava.
  
 E nom morri, pero pós mi andava
mia morte, quant'há que eu conhoci
aquesta dona que agora vi
10- que nom visse! Ca de guisa me tem
o seu amor já fora de meu sem
que lhi quito quanto lh'en demandava.
  
Ca inda m'eu ant'a [vi]ver cuidava,
mais sei que nom viverei des aqui,
15e nom por al senom porque a vi
aquesta vez que com ela falei
 - que nom falasse! Pois por en perdi
tod'aquelo que ant'eu receava.
  
Ca sei mia morte que conmig'andava
20[..................................]
senom ora, pois esta dona vi;
e pois que m'eu daquesto mundo vou,
pesa-mi que dirám: "Por que leixou
assi morrer quen'a tam muit'amava?"
  
25E pesa-mi, porque perderá prez,
quanto Deus em aqueste mundo fez,
que nom era, erg'u ela m'andava.



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Nota geral:

O trovador encontrou inesperadamente a senhora por quem há muito sofria. E se antes a morte rondava por perto, agora ficou verdadeiramente para morrer. Se tal acontecer, só lamenta que todos decerto a criticarão por ter deixado morrer alguém que tanto a amava:. E perderá o mérito que possui, acima de qualquer outra.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amor
Mestria
Cobras uníssonas (rima c singular)
Palavra(s)-rima: (v. 3 de cada estrofe)
vi
(v. 1 de cada etrofe)
cuidava (I, III), andava (II, IV)
Finda
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 1097, V 688

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 1097

Cancioneiro da Vaticana - V 688


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas