Nuno Anes Cerzeo


Senhor, esta coita que hei
nom vo-la poss'eu mais dizer;
e pois vós queredes assi,
quero-a eu toda sofrer.
5       E Deus mi valha, se quiser,
       ca eu já nom lho rogarei,
       pois vejo que nom mi há mester!
  
[E] muitas vezes lho roguei
já, e nunca me quis valer;
 10[e] pois nom poss'al fazer i,
faça de mim o seu plazer!
       E Deus mi valha, se quiser,
       ca eu já nom lho rogarei,
       pois vejo que nom mi há mester!
  
15E pero m'eu vejo meu mal
e mia mort', ond'he[i] gram pavor,
amar-vos-ei mui mais ca mi,
entanto com'eu vivo for!
       E Deus mi valha, se quiser,
20       ca eu já nom lho rogarei,
       pois vejo que nom mi há mester!
  
E pois me contra vós nom val
Deus, nem mesura, nem amor
que vos eu hei, des que vos vi,
25amar-vos-ei sempre, senhor.
       E Deus me valha, se quiser,
       ca eu já nom lho rogarei,
       pois vejo que nom mi há mester!



 ----- Increase text size ----- Decrease text size

General note:

O trovador diz à sua senhora que, pois já não tem mais palavras para expressar o seu sofrimento, só lhe resta suportá-lo, nunca deixando de a amar. E que Deus lhe valha, se quiser, pois também já desistiu de Lhe pedir auxílio.



General note


Description

Cantiga de Amor
Refrão
Cobras doblas
Palavra perduda: v. 3 de cada estrofe
(Learn more)


Manuscript sources

B 129

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 129


Musical versions

Originals

Unknown

Contrafactum

Unknown

Modern Composition or Recreation

Unknown