Estêvão Reimondo
Trovador medieval


Nacionalidade: Portuguesa?

Notas biográficas:

Como os apógrafos italianos e o índice de Colocci não nos indicam o seu nome de família, a identificação deste trovador não é segura. Uma das hipóteses mais frequentemente avançadas, no entanto, até pelas ligações familiares deste cavaleiro ao mundo trovadoresco, aponta para a sua identificação com o português Estêvão Raimundo de Portocarreiro, ativo a partir de meados do século XIII e até inícios do seguinte1. Filho de Raimundo Viegas e Maria Ourigues da Nóbrega, este Estêvão Raimundo era primo do trovador Pero Gonçalves de Portocarreiro e igualmente primo, por parte da mãe, de D. João Peres de Aboim. Parece ter tido ainda ligações com o trovador Estêvão Fernandes Barreto, já que, em 1294, ele e Martim Fernandes Barreto, irmão do referido trovador, foram acusados pelo bispo do Porto de forçarem a entrada e de roubarem várias coisas do mosteiro de Pedroso, com o falso pretexto de serem seus padroeiros, sendo obrigados a pagar os prejuízos2. De resto, acrescente-se ainda que um seu irmão, João Raimundes, era alcaide de Lisboa em 1278.
Como nos dizem os Nobiliários, Estêvão Raimundo de Portocarreiro casou em Santarém, com Elvira Fernandes, e esta dona houvera-a el-rei de Portugal por barregã (LC43H6) (não sabemos se o rei referido é Afonso III ou de D. Dinis, mas é provável que seja o primeiro, embora o casamento seja posterior a 1275). A sua presença em Santarém, onde seu pai já detinha bens, é, de resto, atestada em vários documentos, e aí terá frequentado as cortes de Afonso III e D. Dinis, entre 1264 e 1304, datas do primeiro e último destes documentos que o mencionam. Não é impossível que tivesse viajado até Castela em algum momento do seu percurso, mas, para além de algumas influências da balada provençal numa das suas cantigas de amigo, não há provas concretas desse facto.
Sendo, pois, este identificação plausível, acrescente-se, de qualquer forma, que, estando documentado, entre os homónimos já referidos por Resende de Oliveira, um outro Estêvão Raimundo, sempre associado a um seu irmão Fernão Raimundo, e sendo que, nos documentos relativos à família do trovador Martim Soares, dados a conhecer por Pedro d'Azevedo, se encontra uma procuração de um Fernão Raimundo, explicitamente referido como neto deste trovador (a procuração é a seu tio João Martins, filho de Martim Soares, e igualmente referido como trovador), a hipótese desta identificação alternativa para Estêvão Raimundo poderá igualmente colocar-se.


Referências

1 Oliveira, António Resende de (1994), Depois do espectáculo trovadoresco. A estrutura dos cancioneiros peninsulares e as recolhas dos séculos XIII e XIV, Lisboa, Edições Colibri.

2 Pizarro, José Augusto (1999), Linhagens medievais portuguesas: genealogias e estratégias 1279-1325, vol. I, Porto, Centro de Estudos de Genealogia, Heráldica e História da Família da Universidade Moderna, p. 395.
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3 Azevedo, Pedro de (1918), "O trovador Martim Soares e sua família", in Revista Lusitana, XXI .
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Ler todas as cantigas (por ordem dos cancioneiros)


Cantigas (por ordem alfabética):


Amigo, se bem hajades
Cantiga de Amigo

Anda triste o meu amigo
Cantiga de Amigo