Múnio Fernandes de Mirapeixe
Trovador medieval


Nacionalidade: Galega

Notas biográficas:

Trovador galego, ativo nas últimas décadas do séc. XII e primeiras do séc. XIII, e que pertenceu a uma linhagem sediada no lugar de Mirapeixe, em Outeiro de Rei, na região de Lugo1.
O seu primeiro nome levanta algumas dúvidas. Tradicionalmente nomeado como Nuno (forma que também adoptámos até junho de 2021), é plausível, como defende José António Souto Cabo num estudo recente (2020)2 que a forma correta seja Múnio (que agora adoptamos). De facto, é certo, como faz notar Souto Cabo, que Angelo Colocci manifestou alguma incerteza à hora de transcrever o nome próprio do trovador (...). Com efeito, quer na Tavola Colocciana, quer na rubrica atributiva que precede as suas cantigas em B, a forma inicial “Monio” é seguida do esclarecimento “vel Nuno (Fernandiz de Mirapeyxe)", esclarecimento este que se relacionará com as dúvidas que, pela sua raridade, (lhe) gerava o primeiro dos resultados (sendo o nome Múnio caso único nos autores presentes nos cancioneiros, enquanto Nuno é frequente), Assim sendo, e tendo em conta que a forma Múnio é exatamente a que nos transmite a única escritura, até agora conhecida, em que aparece claramente o nome do poeta, associado a outros três irmãos, será essa a versão correta do seu nome.
É a partir da análise detalhada dessa mesma escritura, designada Noticia da casa da Cruz, e relacionada com uma propriedade pertencente à sé de Lugo, que Souto Cabo, recorrendo ainda a outros documentos, adianta novos dados sobre a sua linhagem (que se poderá integrar no contexto familiar dos Monterrosos) e biografia. Pertencendo à primeira geração de trovadores galego-portugueses, são quase certas as suas ligações (e dos seus irmãos) à poderosa linhagem dos Trava, nomeadamente ao grupo familiar de Rodrigo Gomes de Trava (1201-1261). Mas Souto Cabo sugere ainda que poderá ser o trovador o Múnio Fernandes que aparece como mordomo do conde Gomes Gonçalves de Trava (1164-1211), numa escritura inédita do mosteiro de Cis, datada de 1186. As suas relações com a linhagem de outro dos mais antigos representantes do lirismo medieval, Rodrigo Dias dos Cameros, também parecem plausíveis, a julgar por um outro documento, datado de 1199, no qual vende à sé de Lugo uma propriedade recebida da mãe de Rui Dias, D. Guiomar Rodrigues de Trava. De resto, Souto Cabo acrescenta ainda que é igualmente possível que o trovador pertencesse à Ordem de Santiago, se for ele o “Munio Fernandi subcomendator´" que confirma um documento de venda, datado de 1226, relativo a uma casa pertencente a Airas Peres de Monterroso, comendador dessa Ordem.


Referências

1 Oliveira, António Resende de (2001), O trovador galego-português e o seu mundo, Lisboa, Editorial Notícias, p. 199.

2 Souto Cabo, José António (2020), "De illis de Mirapixe: Monio Fernandi. O trovador Múnio Fernandes de Mirapeixe e a sua parentela", in Madrygal. Revista de Estudios Gallegos, 33, Universidad Complutense de Madrid.
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Dizer-vos quer'eu, mia senhor
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Pois me fazedes, mia senhor
Cantiga de Amor