Paio Gomes Charinho


Ũa dona que eu quero gram bem,
por mal de mi, par Deus, que nom por al,
pero que sempre mi fez e faz mal
e fará, direi-vo-lo que m'avém:
5       mar, nem terra, nem prazer, nem pesar,
       nem bem, nem mal, nom mi a podem quitar
  
do coraçom. E que será de mim?
Morto sõ[o], se cedo nom morrer:
ela já nunca bem mi há de fazer,
10mais sempre mal; e pero est assi:
       mar, nem terra, nem prazer, nem pesar,
       nem bem, nem mal, nom mi a podem quitar
  
do coraçom. Ora mi vai peior,
ca mi vem dela, por vos nom mentir,
15mal se a vej', e mal se a nom vir,
que de coitas mais cuid[o] a maior:
       mar, nem terra, nem prazer, nem pesar,
       nem bem, nem mal, nom mi a podem quitar.



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Nota geral:

Se a senhora amada sempre lhe fez mal, e se sofre quando a vê e quando não a vê, o trovador garante que nada a poderá tirar do seu coração.
A originalidade da cantiga reside, em grande parte, no seu refrão, com o elenco de tudo aquilo que não poderá impedir o seu amor, referido sempre em pares antagónicos: mar/ terra, prazer/ pesar, bem/ mal. De resto, atendendo aos dados biográficos de Paio Gomes, que foi almirante-mor de Castela e Leão durante uns anos, a primeira referência (mar/ terra) não será gratuita.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amor
Refrão
Cobras singulares
Ateúda sem finda
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 810, V 394

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 810

Cancioneiro da Vaticana - V 394


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas