João Garcia de Guilhade


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Morr'o meu amigo d'amor
e eu nom vo-lho creo bem;
e el mi diz logo por en
  ca verrá morrer u eu for,
5       e a mi praz de coraçom
       por veer se morre, se nom.
  
Enviou-m'el assi dizer:
 que eu, por mesura de mim,
o leixasse morrer aqui,
10e o veja quando morrer;
       e a mi praz de coraçom
       por veer se morre, se nom.
  
Mais nunca já crea molher
que por ela morrem assi,
15ca nunca eu esse tal vi,
e el moira, se lhi prouguer,
       e a mi praz de coraçom
       por veer se morre, se nom.



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Nota geral:

A donzela ironiza com as queixas de amor do seu amigo e a sua suposta morte próxima: pois que ele diz que quer vir para o pé dela morrer, então que venha, e terá todo o gosto em ver se ele morre ou não. E no final aconselha: as mulheres não devem acreditar em tais mortes, porque nunca viu nenhum homem morrer disso.
João Garcia de Guilhade retoma este mesmo tema numa outra cantiga de amigo onde, como aqui, a voz feminina ironicamente desconstrói aquilo que diz a voz masculina nas suas cantigas de amor (e, nessa cantiga, mesmo com citações textuais). Trata-se mais uma vez de um "teatro de vozes", através do qual João Garcia de Guilhade, com inegável inteligência e modernidade poéticas, interroga todo o universo lírico trovadoresco.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amigo
Refrão
Cobras singulares
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 750, V 353

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 750

Cancioneiro da Vaticana - V 353


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas