Fernão Gonçalves de Seabra


Pero que eu meu amigo roguei
que se nom fosse, sol nom se leixou
por mi de s'ir, e, quand'aqui chegou,
por quant'el viu que me lh'eu assanhei,
 5       chorou tam muit'e tam de coraçom
       que chorei eu com dóo del entom.
  
Eu lhi roguei que mais nom chorasse,
  ca lhi parcia que nunca por en
lhi mal quisesse, nem por outra rem;
10e, ante que lh'eu esto rogasse,
       chorou tam muit'e tam de coraçom
       que chorei eu com dóo del entom.
  
El mi jurou que se nom cuidava
que end'[eu] houvess'atam gram pesar,
15ca, se nom, fora bem logo se matar,
e, quand'el viu que mi lh'assanhava,
       chorou tam muit'e tam de coraçom
       que chorei eu com dóo del entom.



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Nota geral:

Considerando que o seu amigo não atendeu aos seus pedidos e se foi embora contra a sua vontade, a moça afirma que se mostrou muito zangada com ele aquando do seu regresso. Mas afirma ainda que, quando o viu chorar copiosamente, teve dó dele e, chorando também, garantiu-lhe que nunca deixaria de lhe querer bem. Da conversa, sabemos ainda que o seu amigo se justificou dizendo-lhe que nunca tinha imaginado que a sua atitude lhe daria um desgosto tão grande e que, se soubesse, teria preferido morrer a causar-lho.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amigo
Refrão
Cobras singulares
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 737, V 338
(C 737)

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 737

Cancioneiro da Vaticana - V 338


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas