Gonçalo Anes do Vinhal


Amiga, por Deus, vos venh'ora rogar
que mi nom querades fazer perdoar
ao meu amigo que mi fez pesar,
       e nom mi o roguedes, ca o nom farei
 5atá que el venha ante mi chorar;
       porque s'assanhou, nom lhi perdoarei.
  
Por quanto sabedes que mi quer servir
 mais que outra rem, quero-lho e[u] gracir,
mais eu nom lho quero por en consentir,
10       e nom mi o roguedes, ca o nom farei
atá que el venha mercêe pedir;
       porque s'assanhou, nom lhi perdoarei.
  
Gram pesar lhi farei, nom vistes maior,
porque nom guardou mim nem o meu amor
 15e em filhar sanha houve gram sabor;
       e nom mi o roguedes, ca o nom farei
 atá que el sença ira de senhor;
       por que s'assanhou, nom lhi perdoarei.
  
E, porque sei bem que nom pode viver
20u el nom poder os meus olhos veer,
farei-lh'eu que veja qual é meu poder;
       e nom mi o roguedes, ca o nom farei
atá que eu veja que já quer morrer;
       por que s'assanhou, nom lhi perdoarei.
  
25Mais, pois que el todo aquesto fezer,
farei eu por vós quanto fazer hoer,
 mais ante, por rem, nom lhi perdoarei.



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Nota geral:

A donzela diz a uma amiga, que tinha vindo interceder pelo seu amigo, que não lhe perdoará até que ele venha, chorando, pedir-lhe desculpa por ter discutido com ela. Depois disso, ela perdoar-lhe-á, mas antes ele tem de perceber que não se trata assim quem se ama.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amigo
Refrão
Cobras singulares
Finda
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 710, V 311

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 710

Cancioneiro da Vaticana - V 311


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas