D. Dinis


Falou m'hoj'o meu amigo,
mui bem e muit'homildoso,
no meu parecer fremoso,
amiga, que eu hei migo,
5mais pero tanto vos digo:
       que lhi nom tornei recado
       ond'el ficasse pagado.
  
Disse m'el, amiga, quanto
m'eu melhor ca el sabia:
10que de quam bem parecia
 que tod'era seu quebranto,
mais pero sabede tanto:
       que lhi nom tornei recado
       ond'el ficasse pagado.
  
15Disse m'el: "Senhor, creede
que a vossa fremosura
mi faz gram mal sem mesura;
 por en de mi vos doede";
pero, amiga, sabede
20       que lhi nom tornei recado
       ond'el ficasse pagado.
  
 E foi s'end'el tam coitado
que tom'end'eu já coidado.



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Nota geral:

A donzela conta a uma amiga a conversa que teve com o seu amigo: falando muito bem e com ar humilde, ele elogiou a sua beleza, confessando a perdição em que andava, e pedindo-lhe que lhe valesse. E a donzela comenta: quanto à beleza, não disse ele nada que ela não soubesse já; quanto à resposta que ele queria, ela nada lhe disse que o pudesse contentar. Na finda, confessa ainda que o viu partir tão desalentado que até se sente inquieta.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amigo
Refrão
Cobras singulares
Finda
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 602, V 205

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 602

Cancioneiro da Vaticana - V 205


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

[Falou-me hoje o meu amigo] 

Versão de Tomás Borba