Fernão Velho


Por mal de mi me fez Deus tant'amar
ũa dona, que já per nẽum sem
sei que nunca posso prender prazer
  dela nem d'al; e pois m'aquest'avém,
5rog'eu a Deus que mi a faça veer
 ced'e me lhi leixe tanto dizer:
moir'eu, senhor a que Deus nom fez par!
  
 E pois lh'esto disser, u mi a mostrar,
rogar-lh'-ei que mi dê mort'; e gram bem
10mi fará i, se mi o quiser fazer,
ca mui melhor mi será doutra rem
de me leixar log'i morte prender:
 ca melhor m'é ca tal vida viver
e ca meu tempo tod'assi passar.
  
15E gram mesura Deus de me matar
fará, pois m[i]a morte em seu poder tem,
ca El sabe que nom hei d'atender
senom gram mal, se viver; e por en,
se mi der mort', hei que lhi gradecer:
20ca por meu mal mi a fez El conhocer,
esto sei bem, e tanto desejar.



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Nota geral:

O trovador pede a Deus que lhe permita ver, ainda uma vez, a sua senhora sem par, que lhe fez conhecer para seu mal. A sua intenção é confessar-lhe o seu amor e depois morrer.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amor
Mestria
Cobras uníssonas
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Fontes manuscritas

B 442, V 54

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 442

Cancioneiro da Vaticana - V 54


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas