Fernão Velho
Trovador medieval


Nacionalidade: Incerta

Notas biográficas:

Alguma incerteza subsiste sobre a identidade deste trovador, que poderá ser português ou galego. D. Carolina Michaëlis identificou-o como um dos membros da linhagem portuguesa dos Velhos, mais especificamente como um dos filhos que Gonçalo Peres Velho teve de D. Constança Gonçalves de Arga, freira por ele raptada do mosteiro de Vuiturinho1. A ser assim, seria da família de dois outros trovadores mais antigos, Pero Velho e Paio Soares de Taveirós. Tal como Resende de Oliveira, no entanto, temos dúvidas sobre esta identificação, essencialmente por implicar uma cronologia bastante tardia (como documenta Pizarro3, este Fernão Velho é ainda vivo em 1368), cronologia essa que parece contrariar, quer a posição das suas composições nos manuscritos, quer as referências que faz, numa sua composição satírica, à célebre Maria Balteira, figura bem conhecida pelos trovadores e jograis do círculo de Afonso X. Este investigador aponta, pois, para uma naturalidade galega do trovador, avançando com dois homónimos documentados, um em Ourense e outro em Viveiro, o último deles podendo ter tido ligações com a corte do magnate D. Rodrigo Gomes de Trastâmara.
Seja como for, o certo é que Fernão Velho deverá ter desenvolvido a sua atividade trovadoresca por volta do terceiro quartel do século XIII, tendo certamente frequentado a corte de Afonso X, como mostra a referida sátira a Maria Balteira.


Referências

1 Vasconcelos, Carolina Michaëlis de (1990), Cancioneiro da Ajuda, vol. II, Lisboa, Imprensa nacional - Casa da Moeda (reimpressão da edição de Halle, 1904), pp. 434-438.

2 Oliveira, António Resende de (1994), Depois do espectáculo trovadoresco. A estrutura dos cancioneiros peninsulares e as recolhas dos séculos XIII e XIV, Lisboa, Edições Colibri.

3 Pizarro, José Augusto (1999), Linhagens medievais portuguesas: genealogias e estratégias 1279-1325, vol. I, Porto, Centro de Estudos de Genealogia, Heráldica e História da Família da Universidade Moderna, p. 330.
      Aceder à página Web


Ler todas as cantigas (por ordem dos cancioneiros)


Cantigas (por ordem alfabética):


A maior coita que eu vi sofrer
Cantiga de Amor

Maria Pérez se maenfestou
Cantiga de Escárnio e maldizer

Meus amigos, muito mi praz d'Amor
Cantiga de Amor

Muitos vej'eu per mi maravilhar
Cantiga de Amor

Nostro Senhor, que eu sempre roguei
Cantiga de Amor

Pois Deus nom quer que eu rem possa haver
Cantiga de Amor

Por mal de mi me fez Deus tant'amar
Cantiga de Amor

Quant'eu de vós, mia senhor, receei
Cantiga de Amor

Senhor que eu por meu mal vi
Cantiga de Amor

Senhor, o mal que mi a mi faz Amor
Cantiga de Amor

Vedes, amigo, [o] que hoj'oí
Cantiga de Amigo