Fernão Gonçalves de Seabra


 Muitos vej'eu que, com mêngua de sem,
ham gram sabor de me dizer pesar:
tôdolos que me vêem preguntar
qual est a dona que eu quero bem!
5Vedes que sandec'e que gram loucura!
  Nom catam Deus, nem ar catam mesura,
nem catam mim a quem pesa muit'en!
  
  Nem ar catam como perdem seu sem
os que m'assi cuidam a enganar;
10e non'o podem [i] adevinhar
mais o sandeu (quer diga mal, quer bem),
e o cordo (dirá sempre cordura);
des i eu passarei, per mia ventura,
mais mia senhor nom saberám por en.
  
15E mui bem vej'eu que perdem seu sem
aqueles que me vam a demandar
quem é mia senhor; mais eu a negar
a h[a]verei sempr', assi me venha bem!
Eu bem falarei da sa fremosura,
 20e de sabor; mais nom s'hajam en cura,
ca já per mim nom saberám mais en.



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Nota geral:

Novamente a questão do segredo: a todos os que o aborrecem com perguntas insensatas sobre a identidade da sua amada, o trovador nada dirá, considerando ainda que a sua atitude é um desrespeito a Deus, à cortesia e a ele próprio.De resto, perdem o seu tempo a adivinhar, porque, quer venham com boas ou más palavras, nada obterão dele, salvo o elogio da sua beleza.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amor
Mestria
Cobras uníssonas
Palavra(s)-rima: (vv. 1, 4 e 7 de cada estrofe)
sem, bem, en
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 391, V 1

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 391

Cancioneiro da Vaticana - V 1


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas