Fernão Gonçalves de Seabra


Moir'eu por vós, mia senhor, e bem sei
que vos praz; mais nom vos dev'aprazer;
 ca perç'eu i, e vej'a vós perder
mais que eu perç'; e contar-vo-lo hei:
5       perç'eu o corp'e vós perdedes i
       vossa mesura e quant'eu valh'em mi.
  
Com mui gram coita nom tenh'em rem já,
senhor, mia mort'; e vejo-me morrer
por vós que vi (que nom houver'a veer
10eu, nem vós mim); e vedes quant'i há:
       perç'eu o corp'e vós perdedes i
       vossa mesura e quant'eu valh'em mi.
  
Muito vivi, senhor, per bõa fé,
sofrend'o mal que nom posso sofrer;
15e mais vivi ca cuida[v'a] viver.
E já que moiro por vós, assi é:
       perç'eu o corp'e vós perdedes i
       vossa mesura e quant'eu valh'em mi.
  
E vosso fui, senhor, des que vos vi;
20e fora mais, se nom morress'assi!



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Nota geral:

Se a sua senhora tem gosto em fazê-lo morrer, o trovador diz-lhe que faz mal, uma vez que irá perder mais do que ele: perderá, não só um vassalo leal, mas a sua própria cortesia e generosidade.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amor
Refrão
Cobras rima a singular, rima b uníssona
Mozdobre (vv. 2 e 3 de cada estrofe): praz/ prazer, perço/ perder (I); morte/ morrer, vi/ veer (II); sofrendo/ sofrer, vivi/ viver (III)
Finda
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 388

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 388


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas