Fernão Rodrigues de Calheiros


Pero que mia senhor nom quer
que por ela trobe per rem,
nem que lhi diga quam gram bem
lhi quero, vel em meu cantar
5non'a leixarei a loar.
E pois, quando a vir, rogar-
 -lh'-ei, por Deus, que lhi nom pês en.
  
E nom lhi devia pesar,
ante lhi devia prazer,
10cuido-m'eu, por homem dizer
dela bem e pola servir,
mais devia-lho a gracir.
E a mi, por mi o consentir,
me pode por jamais haver.
  
15Se m'ela consentir quiser
aquesto que lh'eu rogarei
– que a sérvia – gracir-lho-ei,
entanto com'eu vivo for;
e querrei-lhi a grand'amor;
20e pola haver eu melhor,
 nunca lhi rem demandarei.
  
 Ca, cuido m'eu, demandad'é,
que nom podia mais seer,
o por que home a seu poder
25serv'e se nom trabalha d'al;
 se ali cousimento val,
 ou i conhocença nom fal,
que há i pedir que fazer?



 ----- Aumentar letra ----- Diminuir letra

Nota geral:

Embora a sua senhora não goste que ele faça trovas onde declare o seu amor por ela, o trovador dispõe-se a continuar a fazê-las, indo depois pedir-lhe desculpa. Considera, de resto, que o facto de a louvar e de a servir deveriam antes merecer o seu agradecimento. E ficará satisfeito se ela lhe permitir apenas isto, já que nada mais lhe pedirá. Até porque o ato de servir é já o mais forte pedido. De resto, se a amada é amável e inteligente, os pedidos são desnecessários.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amor
Mestria
Cobras singulares
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 62

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 62


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas