Fernão Rodrigues de Calheiros
Trovador medieval


Nacionalidade: Portuguesa

Notas biográficas:

Trovador português, muito provavelmente ativo nas primeiras décadas do século XIII, ou seja, na fase inicial da poesia galego-portuguesa, como a colocação das suas composições nas secções iniciais dos Cancioneiros parece confirmar. Embora não dispondo de qualquer dado biográfico concreto sobre Fernão Rodrigues, supõe Resende de Oliveira1 que seria irmão de Paio e Pero Rodrigues de Calheiros, os dois irmãos de Ponte de Lima documentados como testemunhas na confirmação do foral de Elvas feita por Afonso III em 1252. Como pelo menos o primeiro está igualmente documentado como sendo já adulto em 1221, esta hipótese parece plausível. A ser assim, seria, pois, filho de Rodrigo Fernandes de Calheiros e de D. Sancha Mendes, senhora esta, acrescentamos, que os Livros de Linhagens (LD 13A2,14D6, LC42A6) dizem ter sido fruto dos amores extraconjugais de D. Elvira Nunes Velha com um Mem d'Alaúde (eventualmente um jogral?)
Acrescente-se que, mais recentemente, Henrique Monteagudo2, e também José António Souto Cabo3 fazem recuar a cronologia do trovador para as décadas finais do século XII e inícios do século XIII, identificando-o com o Fernando Rodrigues, filho de Rui/Rodrigo Fernandes de Calheiros, que, em 1195, confirma uma compra de propriedades em Burgos efetuada pelo comendador da ordem de Calatrava (e seu futuro mestre) Gonçalo Anes da Nóvoa. Sendo Gonçalo Anes irmão do trovador Osoiro Anes, este enquadramento trovadoresco poderá, eventualmente, justificar esta identificação.


Referências

1 Oliveira, António Resende de (1994), Depois do espectáculo trovadoresco. A estrutura dos cancioneiros peninsulares e as recolhas dos séculos XIII e XIV, Lisboa, Edições Colibri.

2 Monteagudo, Henrique (2008), Letras primeiras. O Foral de Caldelas, os primordios da lírica trobadoresca e a emerxencia do galego escrito, Corunha, Fundación Pedro Barrié de la Maza, p. 394.

3 Souto Cabo, José António (2012), Os cavaleiros que fizeram as cantigas. Aproximação às origens socioculturais da lírica galego-portuguesa, Niterói, Editora UFF, p. 114.
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Cantigas (por ordem alfabética):


Agora oí d'ũa dona falar
Cantiga de Escárnio e maldizer

Agora vem o meu amigo
Cantiga de Amigo

Assanhei-m'eu muit'a meu amigo
Cantiga de Amigo

Assaz entendedes vós, mia senhor
Cantiga de Amor

D'ũa donzela ensanhada
Cantiga de Escárnio e maldizer

Dê'lo dia em que eu amei
Cantiga de Amor

Des quando me mandastes, mia senhor
Cantiga de Amor

Direi-vos agor', amigo, camanho temp'há passado
Cantiga de Amigo

Disse-mi a mi meu amigo, quando s'ora foi sa via
Cantiga de Amigo

Estava meu amig'atenden[d]'e chegou
Cantiga de Amigo

Já m'eu quisera leixar de trobar
Cantiga de Amor

Madre, passou per aqui um cavaleiro
Cantiga de Amigo

Mim fez meter meu coraçom
Cantiga de Amor

Muito per há já gram sazom
Cantiga de Amor

Nom há home que m'entenda
Género incerto

Nom vos façam creer, senhor
Cantiga de Amor

O gram cuidad'e o afã sobejo
Cantiga de Amor

O grand'amor que eu cuidei prender
Cantiga de Amor

Ora faz a mim mia senhor
Cantiga de Amor

Ora tenh'eu que hei razom
Cantiga de Amor

Par Deus, senhor, mui mal me per matou
Cantiga de Amor

Par Deus, senhor, ora tenh'eu guisado
Cantiga de Amor

Perdud'hei, madre, cuid'eu, meu amigo
Cantiga de Amigo

Pero que mia senhor nom quer
Cantiga de Amor

Quando m'agora mandou mia senhor
Cantiga de Amor

Que cousiment'ora fez mia senhor
Cantiga de Amor

Que farei agor', amigo
Cantiga de Amigo

Que mal matei os meus olhos e mim
Cantiga de Amor

Quero-vos eu dizer, senhor
Cantiga de Amor

Senhor Deus, que coita que hei
Cantiga de Amor

Vedes, fremosa mia senhor
Cantiga de Amor

Vistes o cavaleiro que dizia
Cantiga de Escárnio e maldizer