Afonso Mendes de Besteiros


Coitado vivo, há mui gram sazom,
que nunca home tam coitado vi
viver no mundo, des quando naci.
 E pero x'as mias coitas muitas som,
5       nom querria deste mundo outro bem
       senom poder negar quem quero bem!
  
Vivo coitado no meu coraçom,
[e] vivo no mundo mui sem prazer,
e as mias coitas nom ouso dizer.
10E meus amigos, se Deus mi perdom,
       nom querria deste mundo outro bem
       senom poder negar quem quero bem!
  
E de chorar quitar-s'-iam os meus
olhos e poderia en perder
15as coitas que a mim Deus faz sofrer.
E meus amigos, se mi valha Deus,
       nom querria deste mundo outro bem
       senom poder negar quem quero bem!
  
E per negá-lo eu cuidaria bem
20a perder coitas e mal que mi vem!



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Nota geral:

Sofrendo de amor há muito tempo, o trovador só deseja uma coisa: conseguir ocultar aos outros quem é a senhora que assim o faz sofrer. Se o conseguisse, deixaria de chorar e mesmo de sofrer.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amor
Refrão
Cobras singulares
Finda
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 375
(C 375)

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 375


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas