Afonso Mendes de Besteiros
Trovador medieval


Nacionalidade: Portuguesa

Notas biográficas:

Trovador português, possivelmente natural de S. Cosme de Besteiros, próximo de Paredes, em terras do Sousa. Embora o nome Besteiros tenha outras ocorrências na toponímia portuguesa (nomeadamente em Santa Maria de Besteiros, Tondela, Viseu) a ligação à linhagem dos Riba de Vizela, que Resende de Oliveira sugere1, poderá indicar como mais provável a primeira localização. Esta ligação aos Riba de Vizela parece depreender-se do facto de Afonso Mendes testemunhar vários documentos relacionados coma família, nomeadamente as partilhas entre Martim Gil de Riba de Vizela e suas irmãs (1285 e 1286)2, ou, em 1290, uma doação do mesmo Martim Gil ao mosteiro de S. Vicente de Fora. Seria, nesta altura, já idoso, uma vez que a sua cantiga contra um dos alcaides "traidores", o mostra já plenamente ativo na altura da guerra civil portuguesa (1245-47). Essa mesma composição indica-nos, ao mesmo tempo, que, tal como D. Gil Martins, chefe da linhagem dos Riba de Vizela e um dos mais fiéis partidários de D. Sancho II, Afonso Mendes de Besteiros esteve ao lado do malogrado rei no conflito que levou à sua deposição, podendo mesmo tê-lo acompanhado no seu exílio em Toledo (1248). Tenha sido esse ou não o contexto, o que parece certo é ter frequentado a corte castelhana, como se depreende da sátira contra um cavaleiro em fuga dos campos de batalha da Andaluzia. Para além das suas cantigas e dos documentos referidos, não há, no entanto, pelo menos até ao momento, nenhuma outra indicação que nos permita clarificar um pouco melhor a sua biografia.


Referências

1 Oliveira, António Resende de (1994), Depois do espectáculo trovadoresco. A estrutura dos cancioneiros peninsulares e as recolhas dos séculos XIII e XIV, Lisboa, Edições Colibri, p. 309.

2 Pizarro, José Augusto (1999), Linhagens medievais portuguesas: genealogias e estratégias 1279-1325, vol. I, Porto, Centro de Estudos de Genealogia, Heráldica e História da Família da Universidade Moderna, p. 548, nota 80.
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Cantigas (por ordem alfabética):


Amigos, nunca mereceu
Cantiga de Amor

Cativ'! E sempre cuidarei?
Cantiga de Amor

Coitado vivo, há mui gram sazom
Cantiga de Amor

Dom Foão, que eu sei que há preço de livão
Cantiga de Escárnio e maldizer

Fals'amigo, per bõa fé
Cantiga de Amigo

Já lhi nunca pediram
Cantiga de Escárnio e maldizer

Mia madre, venho-vos rogar
Cantiga de Amigo

O arrais de Roi Garcia
Cantiga de Escárnio e maldizer

Oimais nom há rem que mi gradecer
Cantiga de Amor

Oimais quer'eu punhar de me partir
Cantiga de Amor

Per bõa fé, nom sabem nulha rem
Cantiga de Amor

Que sem meu grado me parti
Cantiga de Amor

Senhor fremosa, mais de quantas som
Cantiga de Amor

Senhor fremosa, vejo-me morrer
Cantiga de Amor