Gil Peres Conde


Tantas mínguas acham a Dom Foam
que já lhas nunca cobrar poderám,
 pero que lhi de todas cartas dam;
ca, [pois] lhi virom na guerra perder
5armas, cavalos, verdad'é, de pram,
 que já el esto nunca er pod'haver.
  
Mais como ou quem é o que poderá
cobrá'l'as mínguas que lh'acham que há?
Preguntad', e quem quer vo-lo dirá:
10como perdeu na guerra que passou
corp'e amigos, verdad'é que já
  nom pod'haver al - assi se parou.
  
As sas mínguas maas som de pagar;
mais quem lhas poderia já cobrar?
15Nom vo-las quero de mais long'i contar
senom da guerra: como perdeu i
senhor, parentes, verdad'é que dar
nom lhi pod'em esta nem si nem si.



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Nota geral:

Sátira contra um rico-homem, um pouco obscura devido à ironia subtil que a atravessa. Como comenta Rodrigues Lapa1 "parece tratar-se de um cavaleiro que alegava pesadas perdas na guerra passada para ter o pretexto para não entrar na seguinte". Se este parece ser o sentido geral, é provável, no entanto, que o trovador jogue igualmente com o duplo sentido do termo "mínguas" - penúria e faltas, defeitos. Como algumas cantigas deste ciclo, é possível que ela tivesse como contexto a rebelião dos ricos-homens castelhanos contra Afonso X (1272-1274).

Referências

1 Lapa, Manuel Rodrigues (1970), Cantigas d´Escarnho e de Maldizer dos Cancioneiros Medievais Galego-Portugueses, 2ª Edição, Vigo, Editorial Galaxia.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Escárnio e maldizer
Mestria
Cobras singulares
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 1517

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 1517


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas