Martim Soares


Com alguém é 'qui Lopo desfiado,
 a meu cuidar, ca lhi virom trager
 um citolom mui gram sobarcado,
com que el sol muito mal a fazer;
5e poilo ora assi virom andar,
nom mi creades, se o nom sacar
contra alguém, que foi mal dia nado.
  
Porque o veem atal, desaguisado,
non'o preçam nen'o querem temer;
10mais tal passa cabo del, segurado,
que, se lhi Lopo cedo nom morrer,
já lhi querrá deante citolar
[...]
 e pois verrá a morte, sem [seu] grado.
  
15E pois [que] lhi Lop'houver citolado,
se i alguém chegar, polo prender,
diz que é mui corredor aficado;
e de mais, se cansar ou caer
e i alguém chegar polo filhar,
20jura que alçará voz a cantar
 - que nom haja quem dulte, mal pecado!



 ----- Aumentar letra

Nota geral:

Continua a paródia ao jogral Lopo (ver restantes cantigas). Agora Martim Soares desconfia que Lopo anda de candeias às avessas com alguém porque o vê andar com o citolão debaixo do braço, ou seja, com a sua arma de ataque (note-se que o equívoco diz respeito à natureza deste ataque: bater em alguém com o citolão ou simplesmente começar a cantar).



Nota geral


Descrição

Cantiga de Escárnio e maldizer
Mestria
Cobras uníssonas
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 1364, V 972

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 1364

Cancioneiro da Vaticana - V 972


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas