Estêvão da Guarda


D'ũa gram vinha que tem em Valada
 Alvar Rodriguiz nom pod'haver prol,
vedes por quê: ca el nom cura sol
de a querer per seu tempo cavar;
 5e a mais dela jaz por adubar,
pero que tem a mourisca podada.
  
El entende que a tem adubada,
pois lha podarom, e tem sem razom:
  ca tam menguado ficou o terçom
10que a cepa nom pode bem deitar,
ca em tal tempo a mandou podar
que sempr'e[la] lhe ficou decepada.
  
 S'entom de cabo nom for rechantada,
nẽum proveito nom pod'end'haver,
 15ca per ali per u a fez reer
já end'o nembr'está pera secar;
e mais valria já pera queimar
que de jazer, como jaz, mal parada.



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Nota geral:

Pela ordem dos manuscritos, esta é a primeira de uma série de cinco cantigas que Estêvão da Guarda dirige a este Álvaro Rodrigues e nas quais desenvolve uma série de equívocos relacionados com "mouros", equívocos cujo sentido, não sendo perfeitamente claro, parece estar ligado a uma viagem ao norte de África que ele teria feito (como nos informam duas das cantigas).
Seja como for, esta primeira composição, que se constrói em torno de um equívoco baseado na viticultura (com referência, nomeadamente, à poda), alude certamente a características sexuais do visado, muito provavelmente à circuncisão.
Acrescente-se que o Conde D. Pedro de Barcelos dirige também uma cantiga a esta personagem.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Escárnio e maldizer
Mestria
Cobras uníssonas (rima b singular)
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 1300bis, V 905

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 1300bis

Cancioneiro da Vaticana - V 905


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas