Paio Calvo


Foi-s'o namorado, madr', e nom o vejo;
e viv'en coitad', e moiro com desejo;
       torto mi tem ora o meu namorado,
        que tant'alhur mora e sem meu mandado.
  
5Foi-s'el com perfia por mi fazer guerra;
 nembrar-se devia de que muito m'erra;
       torto mi tem ora o meu namorado,
       que tant'alhur mora e sem meu mandado.
  
 De pram com mentira mi andava sem falha,
 10ca se foi com ira, mais, se Deus mi valha,
       torto mi tem ora o meu namorado,
       que tant'alhur mora e sem meu mandado.
  
Nom quis meter guarda de mim que seria,
e quant'alá tarda é por seu mal dia;
15       torto mi tem ora o meu namorado,
       que tant'alhur mora e sem meu mandado.



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Nota geral:

Dirigindo-se à sua mãe, a moça queixa-se de há muito não ver o seu amigo, que partiu sem lhe pedir licença, deixando-a triste e a morrer de desejo. Ofendida com a atitude dele, considera que ele fez de propósito para a irritar e que antes a tinha andado simplesmente a enganar. Mas se nem sequer pensou nela, ao demorar-se tanto arrisca-se a sofrer as consequências.
A outra cantiga do trovador que nos chegou desenvolve o mesmo tema.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amigo
Refrão
Cobras singulares
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Fontes manuscritas

B 1236, V 841
(C 1236)

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 1236

Cancioneiro da Vaticana - V 841


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Foi-se o namorado      versão audio disponível

Versões de Fernando Lopes-Graça