Fernão Padrom


Os meus olhos, que mia senhor
forom veer, a seu pesar,
 mal per forom de si pensar,
que nom poderiam peor,
5       pois ora em logar estam
       que a veer nom poderám.
  
Sei ca nom poderám dormir,
 ca virom o bom semelhar
da que os faz por si chorar
10e havê-lo-am a sentir,
       pois ora em logar estam
       que a veer nom poderám.
  
Quanto prazer virom entom
semelha que foi por seu mal,
15ca se lhes Deus ora nom val,
nom jaz i [al] se morte nom,
       pois ora em logar estam
       que a veer nom poderám.
  
Quando a virom, gram prazer
20houv'ende o meu coraçom,
mais direi-vos ũa razom:
nom lho devia gradecer,
       pois ora em logar estam
       que a veer nom poderám.



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Nota geral:

Como na cantiga anterior, são ainda os olhos que servem de veículo ao trovador para falar do seu amor e do seu sofrimento. No caso, ele acusa-os de insensatez por terem olhado uma vez para a sua senhora: o prazer que então tiveram tem agora como corolário a dor de não a poderem ver.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amor
Refrão
Cobras singulares
(Saber mais)


Fontes manuscritas

A 287, B 978, V 565

Cancioneiro da Ajuda - A 287

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 978

Cancioneiro da Vaticana - V 565


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas