Pero Gonçalves de Portocarreiro


Ai meu amigo e meu senhor
e lume destes olhos meus,
por que nom quer agora Deus
que vós hajades tal sabor
5       de viver mig', [amigo,]
       qual eu houv'i,
       des que vos vi,
       de viver vosc', amigo?
  
E terria por gram razom,
10pois que vos eu tal amor hei,
d'haverdes hoje, qual eu hei,
coita no vosso coraçom
       de viver mig', [amigo,]
       qual eu houv'i,
15       des que vos vi,
       de viver vosc', amigo.
  
Ah, que[m] me aquesta coita deu
por vós, se foi Deus que mi [o] fez,
Ele me guise algũa vez
20que tal coita vos veja eu
       de viver mig', [amigo,]
       qual eu houv'i,
       des que vos vi,
       de viver vosc', amigo.



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Nota geral:

A donzela pergunta ao seu amigo por que não tem ele a mesma vontade de viver com ela como ela tem de viver com ele, e desde que o conheceu. Seria justo, acredita, que ele tivesse esse mesmo desejo e ânsia. E se foi Deus quem lhe deu a ela tal ânsia, só pode pedir-Lhe que dê algum dia a mesma ao seu amigo.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amigo
Refrão
Cobras singulares
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 920bis, V 508

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 920bis

Cancioneiro da Vaticana - V 508


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas