Martim Moxa


Atanto querria saber,
destes que morrem com amor,
qual coita têm por maior:
d'ir hom'em tal logar viver
5u nunca veja sa senhor,
ou de guarir u a veer
possa e nom lh'ouse falar.
  
E muitos vej'a Deus rogar
que lhe-la mostre ou que lhis
10mort'e juram, per bõa fé,
 que esta coita nom há par:
 non'a veer; ca já quit'é,
u a nom vir, d'em al cuidar,
nem de pagar-se doutra rem.
  
15E direi-vos como lh'avém
a quem dona mui gram bem quer,
se a vir e lhi nom poder
falar: tal é come quem tem
ante si quanto lh'é mester
20e nom lh'ousa falar em rem
e, desejando, morr'assi.
  
E tod'aquest'eu padeci,
 ca mui gram coita per levei,
pois me de mia senhor quitei,
25............................[-i]
porque lhi falar nom ousei:
atam coitado foi log'i
que cuidara morrer entom.
  
E destas coitas que sofri
30a maior escolher nom sei;
 pero sei ca mui graves som.



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Nota geral:

O trovador gostaria de saber qual de dois males acham os apaixonados o pior: ter o apaixonado de partir, indo morar para longe da sua senhora, não a podendo ver nunca; ou viver perto dela mas não lhe ousar falar.
A primeira situação é descrita mais em detalhe na 2ª estrofe, enquanto a outra situação é descrita na 3ª. Na 4ª estrofe, infelizmente incompleta, o trovador confessa que, no seu caso pessoal, viveu ambas as situações. E é por isso que afirma, na finda, que não sabe escolher qual delas é a pior.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amor
Mestria
Cobras singulares
Palavra perduda: v. 7 de cada estrofe
Finda
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 894, V 479

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 894

Cancioneiro da Vaticana - V 479


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas