Martim Moxa


Amigos, cuid'eu que Nostro Senhor
nom quer no mundo já mentes parar:
ca o vejo cada dia tornar
de bem em mal e de mal em peior;
5ca vejo bons cada dia decer
e vejo maaos sobr'eles poder;
por en nom hei da mia morte pavor.
  
O mundo tod'[a] avessas vej'ir,
e quantas cousas eno mundo som
10a avessas andam, si Deus mi perdom;
por en nom dev'ant'a mort'a fogir
quem sabe o bem que soía seer
e vêe i o mund'outra guisa correr
e nom se pode, de morte, partir.
  
15Os que morreram mentr'era melhor
ham muit'a Deus que [Lhe a]gradecer,
ca sabem já que nom ham de morrer,
 nem er atendem que vejam peior,
como hoj'atendem os que vivos som;
 20e por en tenh'eu que faz sem razom
quem deste mundo há mui gram sabor.
  
E por en tenh'eu que é mui melhor
de morrer homem mentre lhi bem for.



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Nota geral:

Novo sirventês moral, desta vez partindo do tão medieval tema do mundo às avessas.



Nota geral


Descrição

Sirventês moral
Mestria
Cobras singulares
Palavra(s)-rima: (v. 4 em I e III)
peior
Finda
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 889, V 473

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 889

Cancioneiro da Vaticana - V 473


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas