Airas Nunes


Porque no mundo mengou a verdade,
punhei um dia de a ir buscar,
e, u por ela fui [a] preguntar,
disserom todos: - Alhur la buscade,
 5 ca de tal guisa se foi a perder
que nom podemos en novas haver,
nem já nom anda na irmaindade.
  
 Nos moesteiros dos frades negrados
a demandei, e disserom-m'assi:
10- Nom busquedes vós a verdad'aqui,
ca muitos anos havemos passados
que nom morou nosco, per bõa fé,
[nem sabemos u ela agora x'é,]
e d'al havemos maiores coidados.
  
  15E em Cistel, u verdade soía
sempre morar, disserom-me que nom
morava i havia gram sazom,
nem frade d'i já a nom conhocia,
 nem o abade outrossi, no estar,
 20sol nom queria que foss'i pousar,
e anda já fora d[a] abadia.
  
Em Santiago, seend'albergado
em mia pousada, chegarom romeus.
Preguntei-os e disserom: - Par Deus,
25muito levade'lo caminh'errado!
Ca, se verdade quiserdes achar,
outro caminho convém a buscar,
ca nom sabem aqui dela mandado.



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Nota geral:

Sirventês moral que assume a tradicional forma do lamento sobre a decadência dos valores. Aqui são especialmente visadas as ordens e instituições religiosas, as quais, devendo ser o último refúgio da verdade, a desconhecem totalmente.



Nota geral


Descrição

Sirventês moral
Mestria
Cobras singulares
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Fontes manuscritas

B 871, V 455

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 871

Cancioneiro da Vaticana - V 455


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Porque no mundo 

Versão de Octavio Vazquez

Porque no mundo menguou a verdade      versão audio disponível

Versão de DOA