Pedro Anes Solaz


  A que vi ontr'as amenas,
Deus!, como parece bem!
E mirei-la das arenas:
des i penado me tem!
5       Eu das arenas la mirei,
       e des entom sempre penei.
  
A que vi ontr'as amenas,
Deus!, com'há bom semelhar!
E mirei-la das arenas:
10des entom me fez penar!
       Eu das arenas la mirei,
       e des entom sempre penei.
  
Se a nom viss'aquel dia,
que se fezera de mim!
15Mais quis Deus entom e vi-a:
nunca tam fremosa vi!
       Eu das arenas la mirei,
       e des entom sempre penei.
  
Se a nom viss'aquel dia,
20muito me fora melhor!
Mais quis Deus entom e vi-a:
mui fremosa mia senhor!
       Eu das arenas la mirei,
       e des entom sempre penei.



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Nota geral:

Ao ver uma formosa mulher nas ameias de uma fortificação à beira-mar, o trovador apaixonou-se, e sofre desde então.
Toda a composição é de uma grande originalidade, desde a construção do cenário (o trovador coloca-se em baixo, nas "areias", olhando para a dama que se encontra em cima, nas muralhas), até à utilização de uma estrutura paralelística numa cantiga de amor, o que é raro (mas não em Pedro Anes Solaz, que se serve desta estrutura em quase todas as suas cantigas, mesmo nas satíricas).



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amor
Refrão e Paralelística
Cobras rima a dobla, rima b singular
(Saber mais)


Fontes manuscritas

A 283, B 1220, V 825

Cancioneiro da Ajuda - A 283

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 1220

Cancioneiro da Vaticana - V 825


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

…E desde entom sempre penei  

Versão de Frederico de Freitas