João Vasques de Talaveira


Quero-vos ora mui bem conselhar,
ai meu amig', assi me venha bem:
se virdes que me vos quer'assanhar,
mia sanha nom tenhades em desdém,
5       ca se nom for, mui bem sei que será:
       se m'assanhar, alguém se quexará.
  
Se m'assanhar, nom façades i al,
e sofrede a sanha no coraçom;
pois vos eu posso fazer bem e mal,
10de a sofrerdes faredes razom,
       ca se nom for, mui bem sei que será:
       se m'assanhar, alguém se quexará.
  
E, pois eu hei em vós tam gram poder
e haverei enquant'eu viva for,
15já nom podedes per rem bem ha[ver]
se nom fordes de sanha sofredor;
       ca se nom for, mui bem sei que será:
       se m'assanhar, alguém se quexará.



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Nota geral:

A donzela avisa o seu amigo: se ela se zangar, o melhor que ele tem a fazer é levar a sua zanga a sério e aguentá-la com toda a paciência - caso contrário, sofrerá as consequências (que incluem perder a esperança de obter os seus favores).



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amigo
Refrão
Cobras singulares
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 795, V 379

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 795

Cancioneiro da Vaticana - V 379


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas