João Vasques de Talaveira


Conselhou-mi ũa mia [a]miga
que quisess'eu a meu amigo mal,
e ar dix'eu, pois m'en parti, atal:
"Rog'eu a Deus que El me maldiga
5       se eu nunca por amiga tever
       a que mi a mi atal conselho der
  
qual mi a mi deu aquela que os meus
olhos logo os entom fez chorar;
por aquel conselho que mi foi dar
10vos jur'eu que nunca mi valha Deus
       se eu nunca por amiga tever
       a que mi a mi atal conselho der
  
qual mi a mi deu aquela que poder
nom há de si nem doutra conselhar;
15e Deu'la leixe desto mal achar
e a mim nunca mi mostre prazer
       se eu nunca por amiga tever
       a que mi a mi atal conselho der.
  
A que mi a mi [a]tal conselho der,
20filhe-x'o pera si, se o quiser.



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Nota geral:

A donzela conta que uma amiga a aconselhou a querer mal ao seu amigo (a deixar de gostar dele). Desgostada com conversa, que a fez chorar, ela jurou a si própria, ao afastar-se, jamais considerar amiga uma pessoa que lhe dá tais conselhos. Uma pessoa que manifestamente tem mau juízo, e que não sabe aconselhar nem os outros nem a si própria. Na finda, acrescenta ainda que quem lhe der tal conselho o aplique a si mesmo, se quiser.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amigo
Refrão
Cobras singulares
Ateúda atá finda
Finda
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 791, V 375

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 791

Cancioneiro da Vaticana - V 375


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas