João Soares Coelho


Hoje quer'eu meu amigo veer,
porque mi diz que o nom ousarei
veer mia madre; de pram, vee-lo-ei,
e quero tod'em ventura meter
5       e des i saia per u Deus quiser.
  
Por em qual coita mi mia madre tem
que o nom veja, no meu coraçom
hei hoj'eu posto, se Deus mi perdom,
que o veja e que lhi faça bem
10       e des i saia per u Deus quiser.
  
Pero mi o ela nom quer outorgar,
i-lo-ei veer ali u m'el mandou,
 e por quanta coita por mi levou
farei-lh'eu est'e quanto m'al rogar
15       e des i saia per u Deus quiser.
  
   Ca diz o vervo ca nom semeou
milho quem passarinhas receou.



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Nota geral:

Desobedecendo à proibição da mãe, a donzela afirma que irá encontrar-se nesse mesmo dia com o seu amigo, tal como ele lhe tinha pedido - e depois seja o que Deus quiser. Acrescenta, aliás, que não só irá vê-lo, mas está decidida a fazer ainda tudo o que ele então lhe pedir. E conclui, na finda, com um antigo provérbio, que poderíamos aproximar do atual quem não arrisca, não petisca.
Uma outra cantiga do trovador (que, nos manuscritos, vem transcrita um pouco antes), poderá, na verdade, dar sequência a esta história.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amigo
Refrão
Cobras singulares
Finda
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 682, V 284

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 682

Cancioneiro da Vaticana - V 284


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas