Airas Carpancho


A maior coita que eu no mund'hei:
[a] meu amigo nom lh'ouso falar;
é amigo que nunca desejar
soub'outra rem, senom mi, eu o sei;
5       e, se o eu por mi leixar morrer,
       será gram tort', e nom hei de fazer,
  
 que lh'eu quisesse, bem, de coraçom,
qual a mim quer o meu, des que me viu;
 e nulh'amor nunca de mim sentiu
10e foi coitado por mi des entom;
       e, se o eu por mi leixar morrer,
       será gram tort', e nom hei de fazer,
  
que lhi quisesse, bem - qual a mim quer
o meu, que tam muit'há que desejou
15meu bem fazer, e nunca lhi prestou,
e será morto, se lh'eu nom valer,
       e, se o eu por mi leixar morrer,
       será gram tort', e nom hei de fazer
  
o maior torto que pode seer:
20leixar dona seu amigo morrer.



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Nota geral:

A moça toma consciência de que tem sido demasiado cruel com o seu amigo, que a ama e lhe é fiel. Deixar um amigo assim morrer será, pois, um crime e uma injustiça.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amigo
Refrão
Cobras singulares
Finda
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 659, V 260

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 659

Cancioneiro da Vaticana - V 260


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas