Pero Larouco


Nom há, meu padre, a quem peça
  ũa peça d'um canelho,
com que juntasse sa peça
toda com ela o Coelho;
 5ca a peça nom se espeça
 u se estrema do vermelho,
ca muit[o] há já gram peça
que foi sem mant'a concelho.



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Nota geral:

Esta composição e a que a segue nos apógrafos italianos podem ser classificadas como dois raros e curiosos "escárnios de amigo", já que a voz que se ouve é claramente feminina - mas uma voz feminina marcadamente brejeira.
Nesta primeira composição, uma filha queixa-se ao pai (e não à mãe, como é tradicional nas cantigas de amigo) de não arranjar quem lhe empreste um pedaço de ferro velho para compor a "peça" danificada de um tal Coelho. O equívoco é cerrado, mas o sentido erótico é evidente. Como sugeriu Rodrigues Lapa1, Pero Larouco poderia muito bem estar a referir-se aqui ao trovador D. João Soares Coelho, o qual, numa das suas cantigas de maldizer, confessa publicamente a sua impotência. Mas, dado que a cronologia de Pero Larouco parece ser mais tardia, é igualmente possível que a referência seja ao filho do trovador, Pero Anes Coelho, que foi meirinho régio (estatuto que talvez seja o da personagem aludida na segunda cantiga). É esta a sugestão de Resende de Oliveira2.

Referências

1 Lapa, Manuel Rodrigues (1970), Cantigas d´Escarnho e de Maldizer dos Cancioneiros Medievais Galego-Portugueses, 2ª Edição, Vigo, Editorial Galaxia.

2 Oliveira, António Resende de (1994), Depois do espectáculo trovadoresco. A estrutura dos cancioneiros peninsulares e as recolhas dos séculos XIII e XIV, Lisboa, Edições Colibri.



Nota geral


Descrição

Escárnio e Maldizer
Fragmento
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Fontes manuscritas

B 613, V 215

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 613

Cancioneiro da Vaticana - V 215


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas