D. Dinis


Que coita houvestes, madr'e senhor,
de me guardar que nom possa veer
meu amig'e meu bem e meu prazer!
Mais, se eu posso, par Nostro Senhor,
5       que o veja e lhi possa falar,
        guisar-lho-ei, e pês a quem pesar.
  
Vós fezestes todo vosso poder,
madr'e senhor, de me guardar que nom
visse meu amig'e meu coraçom!
10Mais, se eu posso, a todo meu poder,
       que o veja e lhi possa falar,
       guisar-lho-ei, e pês a quem pesar.
  
Mia morte quisestes, madr', e nom al,
 quand'aguisastes que per nulha rem
15eu nom viss'o meu amig'e meu bem!
Mais, se eu posso, u nom pod'haver al,
       que o veja e lhi possa falar,
       guisar-lho-ei, e pês a quem pesar.
  
 E se eu, madr', esto poss'acabar,
20o al passe como poder passar.



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Nota geral:

Dirigindo-se à mãe, a donzela mostra a sua revolta pela proibição que esta lhe impôs de não ver mais o seu amigo. E garante que, se acaso conseguir escapar a essa proibição, nada nem ninguém a impedirão de ver e de falar com o seu amigo, e sem medo das consequências.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amigo
Refrão
Cobras singulares
Dobre: (vv. 1 e 4 de cada estrofe)
senhor (I), poder (II), al (III)
Finda
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 582, V 185

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 582

Cancioneiro da Vaticana - V 185


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas