Vasco Praga de Sandim


Par Deus, mia senhor, enquant'eu viver
já vos eu sempre por Deus rogarei
que mi valhades; mais eu vos direi
log'al que vos nunca cuidei dizer:
5       eu cuido que me nom possades
       valer já, macar vós queirades.
  
E seed'ora mui bem sabedor
que vós mi havedes metud'em atal
 coita por vós que, macar vos gram mal
10seja de mi, fremosa mia senhor,
       eu cuido que me nom possades
       valer já, macar vós queirades.
  
E mia senhor, direi-vos en com'é
 o meu; e por Deus que vos nom pês en!
15Vedes: macar m'hoj'eu por vosso bem
 assi perço, senhor, per bõa fé,
       eu cuido que me nom possades
       valer já, macar vós queirades.
  
E macar vos eu mui de coraçom
20amo, senhor, muit'a vosso pesar,
e vos venho cada dia rogar
que me valhades, se Deus mi perdom,
       eu cuido que me nom possades
       valer já, macar vós queirades.



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Nota geral:

O trovador diz à sua senhora que sempre pedirá a Deus que ela lhe valha. Mas acrescenta algo que nunca pensou dizer-lhe: que talvez ela já não lhe possa valer, ainda que queira. Pois, como explica em seguida, o seu sofrimento é tal que, ainda que ela possa ter grande pena dele, ou que ele perca, morrendo, o bem dela, ela já nada poderá fazer.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amor
Refrão
Cobras singulares
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Fontes manuscritas

B 84

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 84


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas