D. Dinis


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 Proençaes soem mui bem trobar
e dizem eles que é com amor;
mais os que trobam no tempo da flor
e nom em outro, sei eu bem que nom
5ham tam gram coita no seu coraçom
qual m'eu por mia senhor vejo levar.
  
 Pero que trobam e sabem loar
sas senhores o mais e o melhor
que eles podem, sõo sabedor
10que os que trobam quand'a frol sazom
há e nom ante, se Deus mi perdom,
nom ham tal coita qual eu hei sem par.
  
Ca os que trobam e que s'alegrar
vam eno tempo que tem a color
15a frol consig'e, tanto que se for
aquel tempo, log'em trobar razom
nom ham, nem vivem [em] qual perdiçom
hoj'eu vivo, que pois m'há de matar.



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Nota geral:

Para se compreender esta irónica referência aos trovadores provençais, tenha-se em conta que a abertura primaveril (uma descrição breve da natureza renovada no início da cantiga) é uma das características mais habituais da canson dos trovadores occitânicos. Ironizando sobre este lugar comum, e mostrando que ele lhe é familiar, o trovador contrapõe a sinceridade do seu amor, independente das estações, ao amor dos que, sendo notáveis poetas (sabendo" mui bem trovar"), apenas cantam "no tempo da flor e em mais nenhum outro".
Embora esta cantiga esteja incluída, nos manuscritos, na secção das cantigas de amor do rei, género que lhe é atribuído pela maioria dos editores, o seu tom levemente satírico levou Nuno Júdice1 a incluí-la na secção de Cantigas de Escárnio e Maldizer.

Referências

1 Júdice, Nuno (1998), Cancioneiro de D. Dinis, Lisboa, Teorema.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amor
Mestria
Cobras uníssonas
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 524b, V 127

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 524b

Cancioneiro da Vaticana - V 127


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas