D. Dinis


Mesura seria, senhor,
de vos amercear de mi,
que vos em grave dia vi;
 e en mui grav'é voss'amor:
5tam grave, que nom hei poder
 daquesta coita mais sofrer
de que, muit'há, fui sofredor.
  
Pero sabe Nostro Senhor
que nunca vo-l'eu mereci,
10mais sabe bem que vos servi,
des que vos vi, sempr'o melhor
que nunca [eu] pudi fazer;
 por en querede-vos doer
de mim, coitado, pecador.
  
15Mais Deus, que de tod'é senhor,
 me queira põer conselh'i,
 ca se meu feito vai assi
e m'El nom for ajudador
contra vós, que El fez valer
20mais de quantas fezo nacer,
moir'eu, mais nom merecedor.
  
Pero se eu hei de morrer
sem vo-lo nunca merecer,
nom vos vej'i prez nem loor.



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Nota geral:

Dizendo à sua senhor que cortesia seria ela ter piedade dele, que tanto sofre por ela e há tanto tempo, o trovador garante-lhe que nunca mereceu tal tratamento e pede-lhe que se compadeça. Como último recurso, dirige-se depois a Deus, pedindo-lhe que lhe inspire uma solução, ou morrerá. E se isso acontecer, essa morte injusta não trará louvor ou honra à sua senhora.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amor
Mestria
Cobras uníssonas
Palavra(s)-rima: (v. 1 de cada estrofe)
senhor
Finda
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 521b, V 124

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 521b

Cancioneiro da Vaticana - V 124


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas