Vasco Praga de Sandim


Por Deus, senhor, e ora que farei,
pois que me vós nom leixades viver
u vos eu possa, mia senhor, veer?
Mais, pero vos pregunt', eu ben'o sei:
 5per bõa fé, morrer com pesar en!
 Ca hoje perço por vós quanto bem
mi Deus deste mundo quisera dar.
  
E pois vos eu mais a ve[e]r nom hei,
quant'eu mais cedo podesse morrer,
10tanto m'a mi mais devi'aprazer!
Mais prazer é que eu nunca verei,
ca por mia morte sei [eu] que alguém,
senhor fremosa, querrá vosso bem
e vossa mesura meospreçar.
  
15E vedes, gram verdade vos direi:
se vós a mim fezéssedes perder
quanto bem Deus no mundo quis fazer
- que já eu nunca por vós perderei -
 por tod'esto nom daria eu rem,
20se visse vós. Ca mal veess'a quem
se doutra cousa podesse nembrar!
  
E d'ũa cousa vos preguntarei:
por Deus, per que[m] podestes vós saber
aqueste bem que vos eu sei querer?
25Ca, mia senhor, sempre vo-lo eu neguei,
 por me guardar desto que m'hoj'avém.
 Mais nom quis [Deus nem vós] que m'eu por en
daquesta perda podesse guardar.



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Nota geral:

O trovador lamenta vivamente que a sua senhora não o deixe viver perto dela, o que o levará à morte. Considerando, que, nestas circunstâncias deveria desejar morrer depressa, sabe que não terá esse prazer, pois, se morrer, alguém a irá considerar culpada e menosprezá-la por isso (a sua reputação ficará manchada). Acrescenta que, se ela o fizesse perder tudo quanto tem neste mundo, isso nada significaria para ele, se pudesse vê-la. E termina perguntando-lhe como pôde ela saber do seu amor (mandando-o assim embora), uma vez que sempre lho escondeu.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amor
Mestria
Cobras uníssonas
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 81

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 81


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas