Vasco Praga de Sandim


Par Deus, senhor, já eu bem sei
 ca, entanto com'eu viver,
ca nunca de vós hei d'haver,
 mal pecado!, se coita nom.
5Mais por end'ora que farei?
Que nom sei est'em sazom
de por en conselh'i poer.
  
Que nunca eu já poderei
por vós tanta coita prender
10que m'eu por en possa creer
se por voss'homem quite nom;
e poilo eu desta guis'hei,
por Deus, meted'o coraçom,
se poderdes, em vos prazer.
  
15E, mia senhor, al vos direi
que mi devedes a creer:
se o nom quiserdes fazer,
nom tenh'eu i se morte nom.
E senhor, preguntar-vos-ei:
20dizede, se Deus vos perdom,
será bem d'eu assi morrer?
  
E nunca vos eu já irei
de mia fazenda mais dizer.
Mais aque-m'em vosso poder,
25per bõa fé, que doutra nom!
E per mi nom vos falarei,
 ca, se vos rem fiz sem razom,
dereit'é de m'eu padecer.



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Nota geral:

O trovador diz à sua senhora que, sabendo que dela só lhe virá sofrimento, nada pode fazer, pois sabe-o numa altura em que a sua situação já não tem remédio. Garantindo-lhe que nunca este sofrimento o fará desistir de ser seu vassalo (e o trovador utiliza, na 2ª estrofe o vocabulário feudal), pede-lhe para fazer um esforço no sentido de, pelo menos, apreciar esse amor. Se não o fizer, a sua morte será certa. E pergunta-lhe: será justo morrer assim? Termina garantindo que, doravante, se irá calar, dispondo-se a sofrer muito justamente, se a ofendeu.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amor
Mestria
Cobras uníssonas
Palavra(s)-rima: (v. 4 de cada estrofe)
nom
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 79
(C 79)

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 79


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas