Fernão Pais de Tamalhancos


Gram mal me faz agora 'l-rei
que sempre servi e amei
  porque me parte [d]'u eu hei
 prazer e sabor de guarir.
5       Se m'eu da Marinha partir
       nom poderei alhur guarir.
  
Muit'é contra mi pecador
el-rei, forte [e] sem amor,
porque me quita do sabor
10e grande [prazer] de guarir.
       Se m'eu da Marinha partir
       nom poderei alhur guarir.



 ----- Aumentar letra ----- Diminuir letra

Nota geral:

Esta cantiga não vem, infelizmente, acompanhada de nenhuma rubrica explicativa que nos permita situá-la melhor. De qualquer forma, quem aqui fala envia claramente um recado crítico ao rei (não sabemos qual), por este o obrigar a afastar-se da amiga. Não é impossível que a composição seja um maldizer posto na boca de um outro, neste caso, um cavaleiro que teria uma relação com uma soldadeira (existem, de facto, uma ou várias soldadeiras chamadas Marinha no cancioneiro satírico), e que Fernão Pais de Tamalhancos satirizaria deste modo. Mas a leitura autobiográfica também é possível.
Note-se, de qualquer forma, o ligeiro equívoco com o termo marinha, que também pode ser entendido no seu sentido comum (marina, porto de pesca).
Acrescente-se que, musicalmente, a cantiga parece seguir a melodia de uma tenção entre Peire Guillem de Luserna e Sordelo, como pode ver aqui: Cantigas de Seguir. Modelos occitânicos e franceses.



Nota geral


Descrição

Escárnio e Maldizer
Refrão
Cobras singulares
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 78

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 78


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas