D. Dinis


Que razom cuidades vós, mia senhor,
dar a Deus, quand'ant'El fordes, por mi,
que matades, que vos nom mereci
outro mal senom se vos hei amor,
5aquel maior que vo-l'eu poss'haver?
Ou que salva lhi cuidades fazer
da mia morte, pois per vós morto for?
  
Ca [e]na mia morte nom há razom
bõa que ant'El possades mostrar;
 10des i non'O er podedes enganar,
ca El sabe bem quam de coraçom
vos eu am'e [que] nunca vos errei;
 e por en, quem tal feito faz, bem sei
que em Deus nunca pod'achar perdom.
  
15Ca, de pram, Deus nom vos perdoará
a mia morte, ca El sabe mui bem
 ca sempre foi meu saber e meu sem
em vos servir; er sabe mui bem [já]
que nunca vos mereci por que tal
20morte por vós houvess'; e por en mal
vos será quand'ant'El formos alá.



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Nota geral:

O trovador pergunta à sua senhora como poderá mais tarde justificar-se perante Deus pela morte a que o condena. Decerto que não poderá alegar nenhuma razão válida, visto ele apenas se limitar a amá-la sem medida. E Deus, que conhece o coração dos homens, sabe disso muito bem, como sabe que ele nunca a enganou. Logo, Deus não poderá perdoar-lhe e ela passará um mau bocado quando forem chamados à sua presença.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amor
Mestria
Cobras singulares
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 500, V 83

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 500

Cancioneiro da Vaticana - V 83


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas