D. Dinis


Praz-mi a mi, senhor, de morrer
e praz-m'ende por vosso mal,
ca sei que sentiredes qual
 míngua vos pois hei de fazer;
5ca nom perde pouco senhor
quando perde tal servidor
qual perdedes em me perder.
  
E com mia mort'hei eu prazer
porque sei que vos farei tal
10míngua qual faz homem leal,
o mais que podia seer,
a quem ama, pois morto for;
e fostes vós mui sabedor
d'eu por vós atal mort'haver.
  
15E pero que hei de sofrer
a morte mui descomunal,
com mia mort'oimais nom m'en chal,
por quanto vos quero dizer:
ca meu serviç'e meu amor
20será-vos d'escusar peior
que a mim d'escusar viver.
  
E certo podedes saber
que, pero s'o meu tempo sal
per morte, nom há já i al,
25que me nom quer'end'eu doer:
porque a vós farei maior
míngua que fez Nostro Senhor
de vassal'a senhor prender.



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Nota geral:

Sentindo-se morrer (de amor), o trovador tem prazer com a sua morte próxima, pois sabe que a sua senhora irá então sentir deveras a sua falta, como o melhor e mais leal dos seus vassalos. Por isso, essa terrível morte não o assusta, até porque custar-lhe-á a ela mais prescindir de tal servidor do que a ele deixar esta vida.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amor
Mestria
Cobras uníssonas
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 497, V 80
(C 497)

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 497

Cancioneiro da Vaticana - V 80


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas