Nota geral: Novo ataque ao comportamento, considerado infame, de uma parte da nobreza nas campanhas da Andaluzia. Aqui o que se critica é, especificamente, a atitude dos que, não tendo combatido, viriam, com a vitória próxima, "farejar" as riquezas que outros tinham conquistado. Toda a cantiga gira em volta da repetição do sugestivo verbo faronejar, farejar, e da maldição final do refrão (note-se, no entanto, que recentemente (2018) Rios Milhám1 sugere que se trata de um castelhanismo, "haronear", verbo que significa ser preguiçoso a fazer algo). É possível que cada estrofe aludisse a um rico-homem diferente (que os contemporâneos saberiam certamente identificar). Como outras cantigas de Afonso X, é provável que esta composição se insira no contexto de um dos conflitos políticos mais marcantes do seu reinado, a rebelião dos seus principais ricos-homens, ocorrida entre os anos 1272 e 1274, da qual resultou a sua recusa em integrarem, com os seus homens, a hoste real, que se preparava para defender a fronteira da Andaluzia face a um novo ataque das tropas muçulmanas vindas de Marrocos.
Referências 1 Ríos Milhám, José, Lírica trovadoresca em língua portuguesa. Exercícios ecdóticos (3) . Aceder à página Web
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